Chance de explosões de raios gama terem atingido a Terra no passado é enorme

Créditos: NASA/Swift/Cruz deWilde
Explosões de raios gama (GRBs, do inglês Gamma-Rays Bursts), as mais poderosas explosões conhecidas no Universo, podem ter provocado extinções em massa na Terra nos últimos bilhões de anos, dizem os pesquisadores. Essas explosões mortais poeriam ajudar a explicar o chamado Paradoxo de Fermi, a aparente contradição entre a grande probabilidade de vida extraterrestre e a falta de provas para isso, acrescentaram os cientistas.

GRBs são breves explosões intensas de radiação eletromagnética de alta frequência. Essas explosões emitem energia como o Sol durante todo o seu tempo de vida de 10 bilhões de anos em intervalos de milissegundos para minutos. Os cientistas acreditam que as explosões de raios gama podem ser causadas por explosões estelares gigantes conhecidas como hipernovas, ou por colisões entre pares de estrelas de nêutrons.


Se uma GRB explodisse dentro da Via Láctea, poderia causar estragos imensos se fosse apontado diretamente para a Terra, mesmo a uma distância de milhares de anos-luz. Embora os raios-gama não penetrem a atmosfera da Terra o suficiente para queimar o chão, eles iriam danificar quimicamente a atmosfera, destruindo a camada de ozônio que protege o planeta dos raios ultravioleta prejudiciais, provocando assim, extinções em massa. É também possível que as GRBs emitam raios cósmicos, que são partículas de alta energia que podem criar uma experiência semelhante a uma explosão nuclear para aqueles ao lado da Terra que recebeu a emissão de raios gama, causando doenças oriundas da radiação.

Para ver que ameaça as explosões de raios gama são tradicionalmente divididas em dois grupos - longas e curtas - dependendo se elas duram mais ou menos do que 2 segundos. GRBs longas são associadas com a morte de estrelas supermassivas, enquanto GRBs curtas são provavelmente causadas pelas fusões de estrelas de nêutrons. 


A maior parte das GRBs longas acontecem em galáxias muito diferentes da Via Láctea, galáxias anãs com baixas quantidades de metais (em astrofísica, designa-se metal para qualquer elemento mais pesado que o hélio). Quaisquer explosões de raios gama longas na Via Láctea provavelmente serão confinadas em regiões da galáxias com baixas quantidades de metal, disseram os pesquisadores. Os cientistas descobriram que a chance de explosões de raios gama longas provar extinções em massa na Terra foi de 50% nos últimos 500 milhões de anos, 60% no último bilhão de anos, e mais de 90% desde o surgimento da vida na Terra. Para efeito de comparação, o sistema solar tem cerca de 4,6 bilhões de anos.

Estes resultados sugerem que uma explosão de raios gama nas proximidades pode ter causado uma das cinco maiores extinções em massa na Terra, como a extinção do Ordoviciano que ocorreu há 40 milhões de anos atrás. A extinção do Ordoviciano foi o segundo dos cinco grandes eventos de extinção em massa, e é considerado por muitos como também o segundo maior.


Os cientistas investigaram também o perigo de que explosões de raios gama podem representar para a vida em outros lugares da Via Láctea. A densidade das estrelas é cada vez maior em direção ao centro da galáxia, o que significa que mundos de lá enfrentam um maior risco de explosões de raios gama. Mundos na região de cerca de 6.500 anos-luz ao redor do núcleo da Via Láctea, onde 25% das estrelas da galáxia residem, enfrentam uma chance de mais de 95% de serem atingidas por uma GRB nos últimos bilhões de anos. Os pesquisadores sugerem que a vida como é conhecida na Terra poderia sobreviver com certeza só na periferia da Via Láctea, a mais de 32.600 anos-luz do núcleo galáctico.

Os pesquisadores analisaram também o perigo que explosões de raios gama podem representar para o Universo como um todo. Eles sugerem que, devido a explosões de raios gama, a vida como é conhecida na Terra pode desenvolver de forma segura em apenas 10% das galáxias. Eles também sugerem que esse tipo de vida só poderia ter se desenvolvido nos últimos 5 bilhões de anos. Antes disso, as galáxias eram menores, e explosões de raios gama foram, portanto, sempre perto o suficiente para causar extinções em massa de todos os planetas potencialmente favoráveis para abrigar a vida.


"Esta pode ser uma explicação, ou, pelo menos, um parcial, para o que é chamado o Paradoxo de Fermi ou  o 'Big Silence'", disse o autor do estudo Tvsi Piran, um físico da Universidade Hebraica de Jerusalém. "Por que não encontramos civilizações avançadas até agora? A Via Láctea é muito mais antiga do que o Sistema Solar e não havia tempo suficiente e espaço amplo - o número de sistemas planetários com condições semelhantes às da Terra é enorme - ao desenvolvimento da vida em outro lugar da galáxia? Então porque nos não encontramos civilizações avançadas até agora?"

A resposta para o Paradoxo de Fermi pode ser que explosões de raios gama têm atingido muitos planetas - que possivelmente poderiam abrigar a vida. A crítica mais grave dessas estimativas "é que nos dirigimos a vida como a conhecemos na Terra", disse Piran ao Live Science. "Pode se imaginar muito diferentes formas de vida que são resistentes à radiação relevante".

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